As pessoas desperdiçam seu tempo discutindo sobre o mundo, questionando
a vida social e duvidando de suas existências, enquanto possuem um universo
inteiro em seu interior.
Eu possuo um mundo completo dentro de mim. Sou mares revoltosos de
sentimentos e oceanos de dúvidas inquestionáveis. Eu sou os relâmpagos que
cruzam o céu em meio a tempestade de sentidos intermitentes que deflagra a eloquência
pelas campinas de esperança e os planaltos de desafios. Sou a gota incerta da
chuva que desliza pelas ruas da vida.
Meu céu é gelo incandescente que se mistura ao magmático crepúsculo do
meu eu-poente. Eu sou a estrela cristalina, multifocal que ilumina meus lares,
meus países, meus dias e noites interiores.
Eu sou a origem de todas as línguas e culturas. Eu sou a explosão da
Vida e a epifania de todas as mitologias; sou o canto das árvores que sustentam
os frutos da minha alma.
Meu espírito é espaço derradeiro e ilimitado que destrói as fronteiras
do corpo que o contém. Este ser não é mais um prisioneiro das amarras da
existência. É dono de si sem o ser de fato. Ele é a liberdade em carne e
essência.
Eu sou o entardecer das estações e o alvorecer das personalidades. Meu
grito é prosa retumbante, meu eco é poesia falciforme.
Sou prelúdio da aurora que aquarela o horizonte dos mortais que avistam
o monte da Boaventura. Entardeço as cores do cosmo no arrebol celestial. Meu
tempo é grão de areia das praias que criei, meu limite aquele que demarco com o
dedo em cubo de iceberg.
Este é o meu mundo, este sou eu.