Disseram-me que
para que eu possa viver no mundo real- nesse universo cruel- eu tenho de
mutilar meus próprios sonhos. Destruir um por um, em busca de algum específico
que possa sobreviver à selvageria das sociedades. E que a cada sonho que eu
mate, eu devo guardar a dor por tê-lo feito. Essa dor sôfrega, que dominará meus
membros, será a lembrança necessária para que eu tenha força de enfrentar os
monstros da civilização.
Cada corte uma
quimera. Cada sutura uma vitória amarga. Porque o azedume é o gosto que os
campeões provam quando destroem a infinidade de aspirações que possuíam em prol
de uma única possibilidade. Então a resposta para a sobrevivência é o massacre
da imaginação? Então, para que
conquistemos nossos “objetivos” na verdade devemos ter apenas um? Que bela
perspectiva!
Se não há outro caminho, faça o seguinte, feche os olhos e imagine que cada sonho
que possuí é uma estrela cintilante no fundo negro do céu. Levante seu dedo e
aponte para a que lhe aparecer mais viva e incandescente. Quando o fizer assopre
o espaço com todas suas forças e veja as demais estrelas morrerem. Nesse momento você
saberá qual sonho lhe restou...