Na época em que eu
era meu ego, fui um sem ser único, fui vários sem ser múltiplo. Mas como fui
sem que eu fosse realmente, já não o sei. A única certeza que tenho é de que
naquele tempo eu era assim. Agora, no espelho em que me olho, não há reflexo,
senão o de pedaços. Do que? Não faço ideia. Talvez, sejam pedaços de mim,
talvez sejam minhas alucinações ou quem sabe sejam miragens de olhos doentes.
Não fico me questionando sobre isso. Se são essas as coisas que vejo, então que
sejam essas coisas. Se não houver explicação, então que não haja uma.
O que anseio é tão
confuso para os outros que me compõem quanto para mim. Como ansiamos e não
temos certeza sobre o que queremos? Como desejamos e não queremos? A loucura me
é tão certa quanto perigosa. Minha amiga de longa data. Enquanto a lógica,
aquela ingrata, me abandonou com uma caixa de Pandora.
Não quero morrer
entre dúvidas, não quero desfalecer em mentiras. Quero a vida, quero o mundo,
quero a alma, de preferência a minha.
Quero ser feliz, mas tenho medo de o sê-lo. Quero me libertar, mas tenho medo
de fugir. Então por que me atormento com meu cárcere? Por que me amarguro com a
falta?
A resposta não me
surge e talvez nunca me ocorra. Meu horizonte me é tão incerto quanto meu futuro. Da vida não
tenho nada além do meu invólucro. Mas, eu não quero nada mais do que a felicidade
sem receios. Do mundo não levo nada senão o conteúdo do lacro da matéria. Somos
isso não é verdade? Carne que apodrece, pele que perece e corpo que desfalece. Só
o espírito nos resta. Nossas memórias e sentimentos do que um dia existiu. Então
por que tudo me parece tão complicado? Por que tudo me parece tão abstrato?
1 comentários:
Lindo demais! Não conseguiria completar tão bem ^^
Ficou maravilhoso *-*
-Ari
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