Ah!
Tristeza, minha querida amiga, minha inspiração se foi. Perdeu-se em uma
multidão de desilusões e mentiras. Fugiu de mim quando percebeu que nada
receberia em troca, senão umas poucas migalhas de consideração alheia. Então,
preciso de ti.
Lembro-me claramente da época em que eu
acreditava facilmente na palavra de uma pessoa amiga, até que descobri a
verdade por trás de palavras meigas e desvalidas de fundamentos.
Minha cara Tristeza, tu és minha única
e verdadeira amiga. Dos outros que eu um tinha tanto estimei só sobraram mágoas
e arrependimentos.
Todos
eram falsos. Todos eram mentirosos. Todos me enganaram. Mas, não pense que eles
escaparam intocáveis desse lodo. Pelo contrário, pagaram ou estão nesse exato
momento pagando por todas as pérfidas falas e todos os subterfúgios usados. E,
eu, tristemente, observo a emergente dor nos corações daqueles com quem eu
tanto me preocupava (ou que ainda me preocupo). Devo ser um tolo...
Mas...
Até que eu os perdoou. Se não fosse pela angústia que me causaram, eu não teria
te encontrado, não teria te abrigado em meu cerne e com a tua ajuda não teria
reencontrado minha inspiração há tanto desaparecida.